top of page

Direito a fantasia

  • Nando LHP
  • 5 de set. de 2017
  • 2 min de leitura

A fantasia é a matéria-prima da realidade. Tudo que é real nasceu da fantasia. A infância é, por excelência, a idade da fantasia. A puberdade, o choque de realidade. Privar uma criança de sonhos é forçá-la a, precocemente, antecipar seu ingresso na idade adulta. E esse débito exige compensação. O risco é ele ser pago com as drogas, a via química ao universo do direito de sonhar. As novas tecnologias tendem a coibir a fantasia em crianças que preferem a companhia do celular à dos amigos. O celular isola; a amizade entrosa. O celular estabelece uma relação monológica com o real; a amizade, dialógica. O risco é a tecnologia, tão rica em atrativos, "roubar" da criança o direito de sonhar. Agora, sonham por ela o filme, o desenho animado, os joguinhos, as imagens. A criança se torna mera espectadora da fantasia que lhe é oferecida nas redes sociais, sem que ela crie ou interaja. Na infância, eu escutava histórias contadas por minha mãe, de dona Baratinha a João Ratão e na sua grande maioria historias bíblicas que ela trazia pra minha realidade de idade. Eu interferia nos enredos, com liberdade para recriá-los. Isso fez de mim, por toda a vida, um apreciador de histórias, reais e fictícias. Hoje, a indústria do entretenimento sonha pelas crianças. Não para diverti-las ou ativar nelas o potencial de sonhar, e sim para transformá-las em consumistas precoces. Porque toda a programação está ancorada na publicidade voltada ao segmento mais vulnerável do público consumidor. Embora a criança não disponha de dinheiro, ela tem o poder de seduzir os adultos que compram para agradá-la ou se livrar de tanta insistência. E ela não tem idade para discernir ou valorar os produtos, nem distinguir entre o necessário e o supérfluo. Na rua de casa eu e meus amigos brincávamos carrinho de rolimã, bola, bolinhas de gude, pião, corda, pega-pega e também éramos heróis como o zorro e nossos belos alazões eram simples cabos de vassoura. Um dia, um amigo ganhou do pai um cavalinho de madeira apoiado em uma tábua com quatro rodinhas. Ficamos todos fascinados diante daquela maravilha adquirida em uma loja de brinquedos. Durou pouco. Dois ou três dias depois voltamos aos nossos cabos de vassoura. Por quê? A resposta agora me parece óbvia: o cabo de vassoura "dialogava" com a nossa imaginação e nos fazia se tornar o maior herói da historia.

Hoje nos meus quase 45 anos de vida penso que:

O direito à fantasia deveria constar da Declaração Universal dos Direitos Humanos.


 
 
 

コメント


Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square

© 2019  - Paróquia Santo Antônio do Parque

© Copyright Paróquia Santo Antônio do Parque®
© Copyright Paróquia Santo Antônio do Parque®
© Copyright Paróquia Santo Antônio do Parque®
© Copyright Paróquia Santo Antônio do Parque®
© Copyright Paróquia Santo Antônio do Parque®
© Copyright Paróquia Santo Antônio do Parque®
© Copyright Paróquia Santo Antônio do Parque®
© Copyright Paróquia Santo Antônio do Parque®
© Copyright Paróquia Santo Antônio do Parque®
bottom of page